Alguns estudos mudam a forma como você vê a ciência e mostram, mesmo que discretamente, que as possibilidades estão aí... Basta agarrá-las com toda a força e trabalhar um pouco mais em busca do conhecimento!
Este é um desses estudos...
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Autores: David Normando, Jorge Faber, João
Farias Guerreiro, Cátia Cardoso Abdo Quintão. (Departamento de Ortodontia –
Universidade Federal do Pará, Departamento de Ortodontia – Universidade Federal
de Brasília, Departamento de Ortodontia – Universidade do Estado do Rio de
Janeiro) - BRASIL
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A dentição humana pode se adaptar
funcionalmente à dieta e ao comportamento da alimentação. Os ossos continuam a
se remodelarem através da vida do indivíduo, mas o esmalte dental não se
regenera uma vez que a sua formação está completa. Por essas razões, a
morfologia dental tem sido estudada como um importante indicador das adaptações
funcionais e evolução filogenética.
A maloclusão dentária é um desalinhamento da
dentição humana, quer devido a uma falta de espaço no arco dental ou a uma
relação anormal entre ambos os arcos. Apesar de milhões de pessoas ao redor do
mundo submeterem-se ao tratamento ortodôntico, a etiologia da maloclusão dental
ainda não está clara.
Estudos examinando primatas humanos e
não-humanos tem indicado que o aumento da ocorrência da maloclusão dental pode
ser atribuída à disponibilidade de uma dieta mais processada e pela redução da
necessidade de ação mastigatória poderosa.
A tribo indígena Arara-Iriri vive num local
próximo ao Rio Xingu na região Amazônica (Figura 1) e foi contatada primeiramente no ano
de 1987. Um estudo antropológico prévio, de 1997, reportou que as pessoas que
constituem a aldeia são descendentes de um único casal que foi expulso 90 anos
atrás de outra aldeia maior.
Embora as fundações de pequenas populações
pareçam ser eventos frequentes na formação de novas tribos entre os índios da
Amazônia, o processo de fissão e as consequências na diferenciação dos grupos
étnicos tem sido raramente estudados. Dada a acessibilidade do histórico e os
registros genéticos das populações das aldeias Arara, esta situação proporciona uma
oportunidade única para melhorar o nosso conhecimento sobre a etiologia da
maloclusão dentária.
Figura 1 – Mapa da América do Sul. A
caixa ampliada destaca a região do rio Xingu e seu afluente Iriri, onde a as
aldeias Arara-Laranjal e Arara-Iriri estão localizadas. A cidade mais próxima é
Altamira (canto superior direito), localizada a 120 km e 320 km, respectivamente,
das aldeias Arara-Laranjal e Arara-Iriri.
Conclusões:
- À luz do similar desgaste dentário, um
desfecho de uma pronunciada influência do ambiente, a diferença marcante na
maloclusão dentária entre os índios Arara indica um substancial impacto da
genética na morfologia dos ossos faciais e dos dentes;
- Os resultados sugerem, também, que o
efeito da endogamia genética exacerbou as alterações na oclusão da população
Arara-Iriri. Esses resultados apóiam a idéia de que a variação das
características quantitativas é geralmente poligênica e que nós devemos esperar uma
base altamente poligênica para características complexas, tais como a
morfologia craniofacial e a morfologia e desenvolvimento da dentição;
- Além disso, resultados do estudo minimizam a
influência generalizada de desgastes na maloclusão dentária na população humana
atual.
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