terça-feira, 31 de maio de 2011

Protocolo ortodôntico modificado para paciente com doença periodontal avançada e maloclusão de classe II divisão I

Quais são os limites para o tratamento ortodôntico? 

Como definir e dividir claramente os objetivos realistas dos idealistas?

.:.

Autores: Marcos Janson, Guilherme Janson, Oscar Edwin Francisco Murillo-Goizueta (Bauru, Brasil)

O tratamento ortodôntico não é considerado uma contra-indicação para casos de terapia de um adulto com doença periodontal avançada ou para casos de manutenção de um periodonto sadio.

O tratamento ortodôntico para realinhamento dos dentes comprometidos periodontalmente pode ser iniciado apenas após o controle da inflamação periodontal. Se o paciente motivar-se e responder positivamente à terapia periodontal inicial, o tratamento ortodôntico adulto promoverá a reabilitação em relação à melhor função e estética, com prognóstico satisfatório.

Esse artigo trata-se de um relato de caso de uma paciente com maloclusão de Classe II, Divisão I, com doença periodontal avançada (perdas ósseas horizontais e verticais). Os incisivos centrais foram extruídos para melhorar o nível ósseo e gengival da região anterior, melhorando a estética e a função.


Pré-tratamento

Objetivos do tratamento: reduzir ou manter os níveis dos defeitos ósseos, eliminar traumas oclusais primários e secundários por meio de uma oclusão funcional e contenção fixa nos dentes com perdas ósseas. Redução da protrusão dos incisivos superiores, obter corretos overbite e overjet e melhorar a estética facial.
  

Pré-extração de 1PMS

Os elementos-chave para o tratamento ortodôntico de pacientes adultos comprometidos periodontalmente é a eliminação ou redução do acúmulo de placa e inflamação gengival.

Resultados:  



17 meses de Follow-up.

Conclusões: Pacientes com comprometimento periodontal podem ser tratados satisfatoriamente quando há uma boa relação entre Ortodontia e Periodontia. Um plano de tratamento interdisciplinar inclui um movimento ortodôntico que inventiva o remodelamento ósseo e um programa de supervisão da higiene oral que resulte numa melhora da função dos dentes comprometidos periodontalmente.

domingo, 29 de maio de 2011

Prevalência de má oclusão em crianças entre 6 e 10 anos – um panorama brasileiro

O que gostaria para o futuro?

A Ortodontia no SUS. 

.:.

Autores: Marcos Alan Vieira Bittencourt, André Wilson Machado (Universidade Federal da Bahia)

A partir de 1899, com a classificação das más oclusões proposta por Angle, e com o reconhecimento da Ortodontia, muito foi publicado sobre a incidência e a prevalência de más oclusões na população. Sabe-se, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que a má oclusão é o terceiro item na ordem dos problemas de saúde bucal, sendo precedido somente pela cárie e pela doença periodontal. 

No Brasil, essa situação se repete, o que faz com que a má oclusão seja merecedora de especial atenção. Contudo, é preocupante a dificuldade que a população menos favorecida financeiramente tem em acessar os serviços públicos de saúde bucal, já que poucos deles têm um setor ou programa voltado para esse problema. Assim, há acúmulo das necessidades de tratamento ortodôntico e não há acesso nem aos recursos preventivos mais simples, nem àqueles de tratamento mais complexo.

O conhecimento das características de uma população é fundamental para o desenvolvimento de propostas de ação adequadas às necessidades e riscos. O campo de trabalho nessa área é amplo e pouco atendido. A avaliação das más oclusões não tem avançado em direção a uma perspectiva de saúde coletiva, predominando estudos com delimitações temáticas, morfológicas ou biomecânicas.

Objetivo do estudo: Estabelecer um panorama brasileiro da ocorrência de más oclusões em crianças de 6 a 10 anos de idade, além de duas situações clínicas frequentemente associadas a elas: a cárie e a perda prematura de dentes decíduos.

Resultados: Entre outros fatores analisados, procurou-se definir se a criança era merecedora de atenção ortodôntica, tanto ao nível de prevenção quanto de interceptação, sendo observada a necessidade, respectivamente, em 72,34% e em 60,86% das crianças examinadas



Distribuição do tipo de má oclusão, de acordo com a classificação de Angle, nas crianças portadoras de oclusão desfavorável.

Conclusões:

1. Houve 85,17% de prevalência de más oclusões nas crianças examinadas, embora tenha sido verificado que, em 16,77% dessas, as alterações oclusais eram pouco significativas, fazendo com que o índice de oclusões não favoráveis ao desenvolvimento normal ficasse reduzido a 68,4%.

2. Das crianças que possuíam oclusões não favoráveis, 40,6% apresentaram má oclusão de Classe I; 21,6%, de Classe II e 6,2%, de Classe III. A mordida cruzada esteve presente em 19,58%, sendo 10,41% na região anterior e 9,17% na região posterior. Em relação ao trespasse vertical, 34,46% apresentavam sobremordida normal; 18,09%, sobremordida profunda e 15,85%, mordida aberta.

3. Considerando-se a totalidade da amostra, verificou-se a presença de cárie e/ou perda dentária em 52,97% das crianças.

4. Verificou-se a possibilidade de intervenção ortodôntica preventiva em grande parcela das crianças examinadas, incluindo orientação (55,63%), supervisão de espaço (8,52%) e abordagens relacionadas aos hábitos anormais de pressão (5,51%) e à respiração bucal (2,68%).

5. Da mesma forma, detectou-se a necessidade de intervenção ortodôntica interceptora envolvendo a manutenção de espaço (13,48%), recuperação e/ou controle de espaço (23,79%), correção da mordida cruzada (9,23%) e da mordida aberta (5,8%), além de intervenção ortopédica para correção das más oclusões de Classe II ou III de Angle (8,56%).

6.  Fica claro que a presença, nos postos públicos de saúde, de um especialista em Ortodontia com qualificação que atenda aos padrões estabelecidos pela ABOR e pela WFO pode beneficiar aproximadamente 70% das crianças carentes brasileiras.


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Tratamento da maloclusão Classe II esquelética com Herbst em adultos: avanço em uma etapa X avanço em duas etapas

O que fazer quando o paciente apresenta uma maloclusão de Classe II, não tão severa para ser indicada uma cirurgia ortognática e um perfil que poderia ser piorado caso fosse realizada uma camuflagem com extrações?

.:.

Autores: Shimanto K. Purkayastha, A. Bakr M. Rabie, Ricky Wong (Universidade de Hong Kong)

Existem poucas opções de tratamento para pacientes praticamente sem crescimento que apresentam maloclusão de Classe II por retrusão mandibular. A primeira delas é a camuflagem ortodôntica com extrações dentárias, se ela for definida como tratamento de escolha. Entretanto, a retrusão mandibular não melhorará com esse tratamento e o perfil mole do paciente continuará convexo, com certa piora, com perda de suporte para o lábio superior e aumento do ângulo naso-labial. A segunda opção é a cirurgia ortognática, onde as estruturas ósseas comprometidas são modificadas, reduzindo assim a convexidade facial. Entretanto, envolve o risco cirúrgico e da anestesia geral. Recentemente, Pancherz et al. relatou a possibilidade de reativação do crescimento condilar adaptativo em adultos.

Estudos genéticos e em animais tem mostrado a habilidade de dispositivos ortodônticos promoverem tensão nos côndilos e estimular o crescimento, além da remodelação da fossa glenóide. Isso indica que, pacientes até então considerados velhos para a utilização dos dispositivos funcionais, poderiam ser tratados.

Objetivo do estudo: comparar dois grupos de pacientes tratados com o aparelho de Herbst e apresentar um novo protocolo baseado na melhora da resposta esquelética.



 Paciente de 19 anos. Pré e pós-tratamento (12 meses de Herbst)


Conclusões:
- O côndilo adulto jovem exposto à tensões mecânicas, como resultado de um avanço mandibular, apresenta produção de mediadores de mecano-transdução. Os mediadores reagem à tensão mecânica promovendo crescimento condilar. Novo osso e nova cartilagem são formados, aumentando o volume do côndilo.
- A terapia com o aparelho de Herbst pode ser considerada como uma opção para a correção da maloclusão de Classe II esquelética em pacientes adultos e deveria ser acrescentado ao arsenal ortodôntico disponível. 

sexta-feira, 13 de maio de 2011

Indicações de extrações na Ortodontia e a internet: Qualidade da informação on line disponível

Autores: Urvi Patel and Martyn T. Cobourneb (Londres, Reino Unido)

Como um recurso aberto de informações, a Internet não é sujeita a revisões e as informações podem ser afixadas por qualquer pessoa. Em consequência desta liberdade editorial, os sites podem conter informações errôneas por motivos de ignorância, polarização (defesa de um ou outro ponto de vista) e interesses comerciais. Além disso, a informação sobre respectivo assunto pode ser altamente variável e, em alguns casos, potencialmente enganadora e prejudicial. É importante que consumidores dessas informações as avaliem. Entretanto, esses raramente observam ou recordam a fonte dos sites que visitaram.

Atualmente, pacientes e pais estão mais informados sobre a Ortodontia, apresentam, frequentemente, informações sobre seus problemas e as potenciais opções de tratamento. Além disso, consideradas parte do processo do consentimento esclarecido, as alternativas de tratamento são oferecidas ao paciente e, esse, pode procurar por mais informações após as consultas.

O debate sobre extrair ou não extrair existe desde os primórdios da Ortodontia. Recentemente, há uma tendência a se evitar as extrações dentárias, fazendo uso de desgastes e expansões, por exemplo. Nesse estudo, foram avaliados os sites de saúde que pacientes e seus pais encontraram na internet sobre o assunto extrações dentárias. Um instrumento validado foi utilizado para avaliar três características dos sites: acessibilidade, facilidade de uso e confiabilidade.


Conclusões:

- A qualidade das informações disponíveis na Internet com relação a extrair ou não extrair na Ortodontia foi muito variável. De acordo com o método, nenhum site conseguiu um padrão ouro (com 90% de confiabilidade);
- A qualidade das informações disponíveis na Internet no que diz respeito às extrações ortodônticas variou muito. Assim, os pacientes devem interpretar muitos destes sites com cuidado.


sexta-feira, 6 de maio de 2011

Aplicabilidade científica do método dos elementos finitos

Confesso, escolhi este artigo por se tratar de um tema que não conhecia tanto.
Fiquei surpreso com a profundidade conceitual e a linguagem simples do artigo. 
.:.
Autores: Raquel S. Lotti, André Wilson Machado, Ênio Tonani Mazzieiro, Janes Landre Júnior (Ortodontia e Engenharia – Puc-Minas)

O desenvolvimento do Método dos Elementos Finitos (MEF) teve suas origens no final do século XVIII, quando Gauss propôs a utilização de funções de aproximação para a solução de problemas matemáticos.
Durante mais de um século, diversos matemáticos desenvolveram teorias e técnicas analíticas para a solução de problemas, entretanto, pouco se evoluiu devido à dificuldade e à limitação existente no processamento de equações algébricas. O desenvolvimento prático desta análise ocorreu somente muito mais tarde em consequência dos avanços tecnológicos, por volta de 1950, com o advento da computação. Isto permitiu a elaboração e a resolução de sistemas de equações complexas. Em 1956, Turner, Clough, Martins e Topp, trabalhando em um projeto de aeronaves para a Boeing, propuseram um método de análise estrutural, similar ao MEF. Mais tarde, em 1960, estes autores utilizaram pela primeira vez o nome de Método dos Elementos Finitos, descrevendo-o. A partir de então, seu desenvolvimento foi exponencial, sendo aplicado em diversas áreas da Engenharia, Medicina, Odontologia e áreas afins.
Este método de pesquisa possui a capacidade de modelar matematicamente estruturas complexas com geometrias irregulares de tecidos naturais e artificiais, como os dentes e os diversos biomateriais usados em Ortodontia, bem como modificar os parâmetros de sua geometria. Com isso, torna-se possível a aplicação de um sistema de forças em qualquer ponto e/ou direção, promovendo, assim, informações sobre o deslocamento e o grau de tensão provocado por essas cargas ao elemento dentário ou o tecido analisado.


Conclusões:
Por meio do MEF, inúmeros trabalhos com diferentes aplicações e objetivos podem ser conduzidos, sendo o mesmo plenamente aplicável para a realização de pesquisas científicas em Ortodontia. Este método, quando bem gerenciado, pode proporcionar diversas vantagens em relação a outros estudos, pela facilidade de obtenção e interpretação dos resultados. Entretanto, para a correta execução desta metodologia, é necessária a interação entre profissionais da Engenharia e da Odontologia para que se possa por em prática as idéias e obter resultados corretos e válidos.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...